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Estudos Budistas
Tradição
do Ven. Thich Nhat Hanh
O amor de um Buda
Sem amor verdadeiro, a vida não tem significado. Não há felicidade. Não há alegria. Por isso, você tem que aprender a alimentar o seu amor, para que o seu amor continue a crescer. No ensinamento de Buda, o amor não tem limites. O amor verdadeiro é um tipo de amor que está sempre a crescer. Quando o amor deixa de crescer, começa a morrer. É como uma árvore. Se a árvore deixa de crescer, começa a morrer. O nosso amor é igual.
O primeiro elemento do amor verdadeiro é maitri – a bondade amorosa, essa capacidade de oferecer felicidade. Se você é um verdadeiro amante, deve ser capaz de oferecer felicidade. Sem a capacidade de oferecer felicidade, isso não é amor verdadeiro.
No amor verdadeiro, você oferece felicidade a si próprio e oferece felicidade à outra pessoa. A vontade, o desejo de fazer outra pessoa feliz, não são suficientes. Se você não souber como fazer a si mesmo feliz, é difícil fazer outra pessoa feliz. Esse é o ensinamento de Buda sobre maitri, cultivar maitri, cultivar a bondade amorosa.
Um verdadeiro amante é capaz de criar felicidade, oferecer felicidade a si mesmo, a si mesma e à outra pessoa. Você não pode impor a sua ideia de felicidade a outra pessoa. Tem que compreender essa pessoa antes de poder fazê-la feliz. Compreender as dificuldades, as necessidades, o sofrimento. Você tem que compreender essa pessoa. Esse tipo de compreensão é a base do amor.
O segundo elemento do amor verdadeiro é karuna. Karuṇa significa compaixão. É a capacidade de ajudar a remover a dor, a tristeza, o medo de uma pessoa. A intenção não é suficiente. Você tem que ser capaz de ajudar essa pessoa a remover a dor, o sofrimento, o medo dentro dela.
Se você souber como fazer isso para si mesmo, saberá como ajudar essa pessoa a fazer o mesmo. Você tem que compreender o seu próprio sofrimento, e então poderá compreender o sofrimento da outra pessoa, e ajudá-la a sofrer menos e a transformar-se. Isso é karuna, o segundo elemento do amor verdadeiro. Se não você tiver esse elemento no seu amor, não é amor verdadeiro.
O terceiro elemento do amor verdadeiro é a alegria, mudita. Se você chora todos os dias e faz a outra pessoa chorar todos os dias, isso não é amor verdadeiro. Assim, a marca do amor verdadeiro é a alegria. Você pode reconhecer o amor verdadeiro por este aspecto: alegria. É capaz de oferecer alegria a ele, a ela, a si mesmo.
O último elemento do amor verdadeiro é a inclusão, a ausência de discriminação. Quando você está apaixonado, em um amor verdadeiro, o seu sofrimento é o sofrimento dela. A felicidade dela é a sua felicidade. Já não há felicidade ou sofrimento individuais. Já não há fronteira entre quem ama e quem é amado.
A ausência de discriminação nos diz que o amor verdadeiro é um amor que cresce sempre. O amor verdadeiro não tem limite. Pode começar com uma pessoa, mas se o seu amor verdadeiro continuar a crescer, então você incluirá todos nós no seu amor verdadeiro.
Esse é o amor de um Buda. Você não ama apenas ele ou ela, ama toda a humanidade, ama todas as espécies, e ama o meio ambiente, e o seu amor continua a crescer até abranger tudo. Isso é equanimidade, isso é upeksa, ausência de discriminação, inclusão. O ensinamento do amor verdadeiro, oferecido por Buda, é muito profundo, muito prático. Por isso, o praticante deve ser um amante, um verdadeiro amante.
(Palestra de Darma de Thich Nhat Hanh: em 16 de agosto de 2013– transcrito do vídeo do YouTube
https://youtu.be/cLxXkOxxDTw)
Traduzido por Leonardo Dobbin)
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