Quinta, 17 de dezembro de 2009


Perguntas e Respostas



Essa semana estamos te enviando o último texto de 2009. Entraremos de férias e agora só te mandaremos mensagens em 2010. Nesse final de 2009, escolhemos uma sessão de perguntas e respostas (clique aqui) com Thich Nhat Hanh durante um retiro.

No texto ele responde às seguintes perguntas: O que fazer quando tentamos praticar a fala e escuta amorosa no trabalho, mas os colegas respondem com muito cinismo? Como posso mostrar a pessoas intolerantes que a religião delas não é o único modo de preenchimento espiritual? O que pode nos dar o conforto de que nossos amados irão continuar em outras formas após morrerem? O que acontecerá aos outros monges e monjas e à Sangha quando o Thay se for? Há um caminho espiritual para aqueles que estão lutando contra doenças incuráveis?

São questões interessantes que são respondidas (clique aqui) com a habitual simplicidade e profundidade de Thich Nhat Hanh. Comente em nosso blog. Basta clicar aqui.

Desejamos a você um excelente 2010 cheio de paz. Que a prática frutifique cada vez mais e que seu insight se aprofunde.


URGENTE - Carta da Irmã Chan Khong a todos os praticantes



Olá amigos,

Plum Village, 15 de Dezembro de 2009


Caros amigos

Por favor, perdoem-me por perturbá-los durante esse período sagrado de família e volta ao lar. Mas nossos monges e monjas de Bat Nha estão agora em uma situação semelhante à de Maria e do menino Jesus - sem saberem mais aonde buscar refúgio para praticarem e estarem juntos em segurança. Durante mais de três anos, nossos 379 monásticos viveram e praticaram sem serem perturbados no nosso Mosteiro Bat Nha (Prajna), no Vietnã, em terras de propriedade do Abade Thich Duc Nghi, oferecidas a nós. Desde então, vários prédios foram construídos, incluindo uma imensa Sala de Meditação, quatro residências para monjas e três residências para monges, utilizando milhares de contribuições de doadores generosos de todo o mundo, incluindo alguns de vocês. Embora tenhamos evidências suficientes de que esses prédios são propriedade nossa, devido à pressão governamental o Abade Duc Nghi retirou o seu apoio a nós e ordenou que deixássemos o nosso próprio mosteiro. Durante catorze meses, nossos pedidos de ajuda para reverter essa ação ilegal ficaram sem resposta.

Como a situação mudou de mal pra pior, os nossos 379 monges e monjas muito jovens passaram por uma espécie de batismo de fogo e alcançaram um enorme êxito no treinamento para entender, aceitar e ter compaixão genuína por aqueles que os atacaram. Nos últimos meses, eles foram agredidos verbalmente por alto-falantes 24 horas por dia e ameaçados de serem açoitados até a morte. Policiais apareciam toda noite das 19h às 23h30 pedindo aos monásticos que se identificassem e o suprimento de eletricidade e de água deles foi cortado durante três meses.

Depois, gangues pagas vieram na noite tempestuosa de 27 de Setembro de 2009 para expulsar à força e violentamente 147 monges, quebrar portas e janelas e atormentar as 232 monjas. Todos eles escaparam e buscaram abrigo no templo de Phuoc Hue. Em Phuoc Hue, os monges e monjas continuaram a ser molestados e o velho e compassivo abade desse templo, depois de muita resistência, também foi violentamente forçado a assinar uma carta expulsando nossos monásticos. A partir de 31 de Dezembro de 2009, esses irmãos e irmãs não terão lugar algum para ir e, em verdade, podem ser recrutados pelo governo para servir o exército. Mesmo se eles retornarem para os seus lares familiares é pouco provável que a perseguição cesse, a menos que eles abandonem os hábitos e vida monástica por completo.

AGORA é o momento mais crucial para os nossos monges e monjas. Por favor, vá até o site http://www.thepetitionsite.com/6/religious-freedom-in-viet-nam e assine a petição. Esta é a segunda petição, não a que você assinou em Agosto de 2009. Por favor, assine e escreva para cinco amigos pedindo a eles que assinem, para atingirmos o maior número possível de assinaturas antes de 31 de Dezembro de 2009. Você intercedeu por mim, por nós, muitas vezes antes. Eu sei que posso contar com você, nesta hora de maior necessidade nossa.

Com nossas bençãos de todo coração e desejo de paz para você,
Irmã Chan Khong


Felicidade e Infelicidade



Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe uma paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...



Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...



O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...

- Fernando Pessoa


Lentes Verdes



Imagine colocar um par de óculos de sol verde-escuros. Tudo que você vê apareceria em tons de verde: pessoas verdes, carros verdes, edifícios verdes, arroz verde e pizza verde. Mesmo suas próprias mãos e pés pareceriam verdes. Se você tirar os óculos, toda a sua experiência mudaria. "Oh, as pessoas não são verdes! Minhas mãos não são verdes! Pizza não é verde!

Mas e se você nunca tirasse os óculos? E se você acreditasse que você não pudesse viver sem eles, que você ficasse tão apegado a eles que nunca considerasse tirá-los mesmo quando fosse dormir? Certamente você passaria pela vida vendo tudo em tons de verde. Mas você perderia, não veria muitas outras cores. E uma vez que você ficasse acostumado a ver as coisas em tons de verde, raramente pararia para considerar que verde pode não ser a única cor que pode ser vista. Você começaria a acreditar de todo coração que tudo é verde.

Da mesma forma, cetos hábitos mentais e emocionais condicionam nossa visão de mundo. Nos tornamos apegados ao "ponto de vista dos óculos". Acreditamos que o modo que vemos as coisas é o modo como as coisas verdadeiramente são.

-Yongey Mingyur Rinponche


Deixar ir




Praia deserta,
marcas de pés na areia
apagadas pela chuva -
esta angústia vem de nenhum lugar,
e seus pés não tocam ainda a Terra.

Repentinamente eu ouço um sussurro distante
dos gentis ventos da primavera,
e a angústia se vai.

(escrita em 1966. Um sentimento de ansiedade pode ser transformado com poucas respirações conscientes. A ansiedade é como uma nuvem tentando aterrissar em mim. Eu inspiro e expiro e ela desaparece.)

-Thich Nhat Hanh