Quarta, 26 de março de 2008

Limpando a Esponja

Nessa semana sugerimos a leitura de um diálogo entre dois monges sêniores do Thay. O Irmão Phap An e a Irmã Dang Nghiem fizeram uma encenação para explicar a prática do Começar de Novo.

Começar de Novo é uma prática de reconciliação. Começar de Novo é olhar profundamente e honestamente para nós mesmos, nossas ações passadas, fala e pensamentos para criar um começo com frescor dentro de nós mesmos e na nossa relação com os outros. A chave da prática do Começar de Novo é retornar e tocar o amor profundo dentro de você.

Leia o texto e pratique. Participe de nosso blog com seu insight. Basta clicar aqui.

Retiro em Teresópolis

Entre os dias 18 e 21 de abril, haverá retiro em Teresópolis organizado pelo Centro Lótus e conduzido pela monja Tenzin Nandrol. O retiro será conduzido segundo a tradição do mestre Thich Nhat Hanh. Os interessados podem ligar para (0xx21) - 2551-2045 ou enviar e-mail para centrolotus@ig.com.br.

Sino de Plena Consciência

Marcelo da Sangha Plena Consciência (São Paulo) escreve em seu blog: "Uma historinha sobre a prática do Sino da Plena Consciência: minha vizinha tem um cachorro que eu reputava insuportável. Latia o tempo todo, o dia inteiro, para qualquer coisa. Tão insuportável, eu julgava, que ela mesma gritava com ele às vezes, histéricamente, mandando-o ficar quieto. Cada vez que o tal cachorro latia, eu me enfurecia! Mal-educado o cão por ter uma dona mal-educada, eu raciocinava. Algumas vezes chegava eu mesmo a gritar com o cachorro -- tinha aprendido o nome dele pelos berros da dona, tornando-me "mal-educado e histérico" eu mesmo, não é? Na minha própria casa, eu vivia furioso, e a cada dia mais...

Então fui para Plum Village. E quando voltei para casa, no momento mesmo em que me perguntava como praticar os ensinamentos aprendidos lá, o cachorro latiu... Pronto! Tinha achado o meu Sino da Plena Consciência! E sabia que ele iria tocar o dia todo, muitas vezes... E comecei a praticar. Latia o cão, eu parava, voltando-me para a minha respiração. Identificava em mim a raiva que durante tanto tempo eu havia treinado, e um pedaço de mim ainda ficava irritado com o animal... Mas outro simplesmente observava... E eu aproveitava para observar também minhas emoções, para ver minha linha de pensamentos e em que direção me empurravam, observava meu estado de ânimo, minha afobação ou pressa dentro de minha própria casa, ou minha preguiça, minha tristeza... E por simplesmente atentar a tudo isso, reencontrava a paz no momento presente, olhando dentro de mim e ao meu redor... Com o passar do tempo passei a observar que o cachorro latia quase sempre para as mesmas coisas... Ao invés de julgá-lo estúpido e condicionado, percebi o quanto eu mesmo reagia sempre da mesma forma e nas mesmas situações percebi que cachorro eu era, latindo sempre para a passagem dos skatitas, das crianças, do carteiro, de todos os outros cães, das nuvens... Tão condicionado, eu, ele, nós, reagindo sempre com raiva, com medo, com stress, com ansiedade, com apego ou aversão...

Não demorou muito para esta prática transformar o latido do cachorro numa bênção para mim, o oposto mesmo do que era antes... O cão que treinava a minha raiva passou a dar-me preciosas chances de cultivar minha plena atenção, e a inspirar profunda gratidão... E daí a eu passar a agradecer silenciosamente ao cachorrinho pelas repetidas oportunidades maravilhosas de praticar, enviando a ele meu amor e a paz que eu cultivava pela graça de ele latir tanto, tanto... Que monge poderia ser mais dedicado do que o cachorrinho latidor?

Bom, só posso dizer que este cachorro quase não late mais. Não, ele não morreu, não adoeceu, nem a vizinha mudou-se. Não perdi este meu precioso Sino da Plena Consciência -- embora tenha tantos outros, como posso contar depois... Ele continua lá, eu ainda o vejo na sacada. Mas ele não late mais – afinal de contas, eu também não lato mais, né? "

- retirado do blog http://paraserzen.blogspirit.com/

Perguntas Frequentes

P: O que posso fazer com minhas dúvidas? Alguns dias sou invadido por dúvidas sobre a prática ou meu progresso, ou o mestre.

Ven. Ajahn Chan: Duvidar é natural. Todos começam com dúvidas. Você pode aprender muito com elas. O que importa é que você não se identifique com as dúvidas. Isto é, não seja pego por elas. Isto fará sua mente girar em círculos sem fim. Ao invés disso, observe todo o processo de dúvida, de querer saber. Veja que é que duvida. Veja como a dúvida vem e vai. Então você não mais será vitimizada pelas dúvidas. Você dará um passo para fora delas e seu mente ficará quieta. Você pode ver como todas as coisas vem e vão. Apenas deixe ir o que você estiver apegado. Deixe ir suas dúvidas e apenas observe. Assim é como se acaba com a as dúvidas.
- Ajahn Chan é um grande monge budista que viveu na Tailândia e passava a maior parte de seu tempo na floresta meditando.