Domingo, 14 de junho de 2020

As duas verdades



Nessa semana sugerimos que você estude As Duas Verdades,

Nesse texto (clique aqui), Thich Nhat Hanh ensina que segundo o budismo, existem dois tipos de verdade, a verdade relativa ou mundana e a verdade absoluta. Entramos na porta da prática através da verdade relativa. Reconhecemos a presença da felicidade e a presença do sofrimento e tentamos ir na direção do aumento da felicidade. Todos os dias vamos um pouco mais nessa direção, e um dia percebemos que sofrimento e felicidade não são dois.

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Segredo da Plena Felicidade



Perguntou o monge ao velho mestre: "Que grande sabedoria aprendeste ao longo de tua virtuosa existência?"
"Aprendi a ser só", replicou o mestre.
"Então, viver em sabedoria significa não se envolver com o mundo?"
"Muito ao contrário! Viver só significa estar completamente envolvido na maravilha da existência, como um homem que não teme mergulhar fundo em um caudaloso rio".
"Mas...", perguntou o monge, confuso, "como posso ser só e viver entre as coisas e pessoas? Ao mergulhar neste rio, mais uma vez irei sucumbir ao Samsara vicioso e viciante da existência condicionada!"
"Ah," - disse o velho mestre - "mas aquele mergulho implica em um verdadeiro milagre: o mergulhador está livre de suas cobiças, ódios e delusões, e a nada se prende. Assim, mesmo mergulhando fundo no rio, sai dele completamente seco, intocado: ele sabe que mergulhar plenamente na vida significa saber tocar o mundo com equanimidade e consciência, mas jamais se deixar perder em seu verdadeiro ser... eis o correto modo de viver sozinho: saber-te sempre livre em ti mesmo, desprendido de coisas e pessoas mesmo estando uno com elas. Somos todos unos, mas livres de qualquer apego entre nós..."
"Mergulhando assim na vida, jamais serei atingido pela ignorância dos homens?"
O mestre olhou suavemente para o monge, e disse: "Mergulhando assim, serás atingido pela compreensão de que Samsara é Nirvana! A ignorância habita sempre atua mente condicionada; não culpes o mundo por tuas próprias limitações."
E o velho mestre concluiu: "Ao mergulhares na vida livre de apegos ou aversões, serás atingido pela liberdade aonde realmente importa: teu coração e tua mente. Eis o segredo da plena felicidade..."

- Conto Zen - Monge Kõmyõ (circa 2006, revisado e ampliado em 2014)