Quinta, 1 de maio de 2008

14 Treinamentos da Ordem Interser (parte 4)

Sugerimos que nesse mês de maio você estude e procure formas de colocar em sua vida três dos 14 treinamentos de plena atenção (clique aqui). Os treinamentos não são mandamentos, mas guias que nos ajudam a praticarmos para sermos mais felizes. Os treinamentos estão abaixo e o comentário sobre cada um deles no texto em anexo.

O DÉCIMO TREINAMENTO (Protegendo a Sangha) - Consciente de que a essência e o objetivo de uma Sangha é a prática da compreensão e da compaixão, estou determinado a não usar a comunidade budista para ganhos pessoais, proveitos, ou transformar nossa comunidade num instrumento político. Uma comunidade espiritual deve, contudo, tomar uma posição clara contra a opressão e a injustiça e deve empenhar-se para mudar a situação, sem se engajar em conflitos partidários.

O DÉCIMO PRIMEIRO TREINAMENTO(Meio de Vida Correto) - Consciente de que grande violência e injustiça têm sido impingidas ao meio ambiente e à sociedade, comprometo-me a não viver com uma vocação que seja prejudicial aos homens e à natureza. Farei o melhor possível para escolher um meio de vida que ajude a realizar o meu ideal de compreensão e compaixão. Consciente da realidade econômica, política e social global, terei comportamento responsável como consumidor e como cidadão, não investindo em empresas que privem outros seres da chance de viver.

O DÉCIMO SEGUNDO TREINAMENTO (Reverência à vida) - Consciente que as guerras e os conflitos causam muitos sofrimentos, estou determinado a cultivar a não violência, a compreensão e a compaixão em minha vida diária, promovendo a educação para a paz, a mediação plenamente consciente e a reconciliação dentro das famílias, comunidades, nações e no mundo. Estou determinado a não matar e a não deixar que outros matem. Praticarei diligentemente a observação profunda junto à minha Sangha para descobrir maneiras melhores de proteger a vida e evitar a guerra.

Para entender o que são os 14 Treinamentos de Plena Atenção e a Ordem Interser leia o texto já publicado aqui.

Olhe profundamente e leia o texto (clique aqui). Participe de nosso blog com seu insight. Basta clicar aqui.

Movimento da Vida

Passei recentemente pela experiência crucial (não sei que palavra usar) da morte de um ente querido. Eu diria mesmo que da pessoa a quem mais amei em minha vida -- e durante toda a minha vida ela esteve presente. Para mim, estou vivendo num novo mundo desde alguns dias: um mundo onde já não há a minha tia da maneira como a conheci. Ela faleceu na madrugada da terça, há uma semana, abençoadamente dormindo, depois de um período muito breve em que ficou acamada -- até quarta feira passada ela ainda caminhava pelo apartamento de Campinas, espalhando sua gentileza e doçura, e uma profunda abnegação e aceitação que sustentou até o fim. Também ficou até o fim em casa, no seu próprio ambiente de paz, do qual ela mesma tão bem cuidou.

Agora inicia-se uma nova fase nessa que para mim é uma história de amor que durou 41 anos -- desde que ela aceitou o convite de minha mãe para vir ajudar a cuidar de mim recém-nascido, e desde então permaneceu ao nosso (meu, especialmente) lado. Devo a ela minha sanidade, minha paz, pois foi em todos os momentos a minha maior amiga; e devo a ela o exemplo maravilhoso de bondade, de generosidade, de altruísmo, de humildade, a ela que jamais falou mau de alguém (nem mesmo de políticos ou artista da TV), a tia que não tinha vaidade para vestir-se, e que não recusava nada de comida, a não ser que fosse muito especial e saboroso -- então ela tinha de dar a alguém aquilo que havia ganho de presente. Morre sem posses, sem complicações, sem inimizades -- na verdade, com o amor, gratidão e admiração de todas as pessoas que em algum momento se aproximaram dela. Morre com liberdade e na paz em relação a todas as coisas mundanas. Realmente, uma pessoa especial, eu diria santa, embora ainda humana.

Ainda estou vivenciando esse acontecimento. Mas tudo o que eu achava que seria, não o foi. Acreditava que me encontraria tremendamente só no planeta, com o que seria uma separação — mas agora vejo também que é uma união. Antes, pensava nela fora de mim. Quando sentia saudades, ia visitá-la, ligava para ela. Agora que ela não mais existe fora de mim, como um ser separado no qual posso pensar -- lá está ela, enquanto eu estou aqui, vejo claramente que ela existe e está dentro de mim. Não há mais separação, depois desta separação. Esta é a minha impressão: a de que vida e morte são de, uma certa maneira, exatamente o mesmo, só o que muda é o ponto de vista e o instante. Relativo e absoluto. A morte torna a vida mais clara, o viver mais precioso, mais integrado. Enfim, é um insight que não consigo explicar — e que muda minha maneira de viver, pois não pretendo agora que tudo e todos morram para eu não me “sentir” mais separado deles... É a sensação de separação, não a separação em si o que me separa... Tantas vezes ouvindo o Thây falar de interser, tive de esperar até minha tia falecer para realmente sentir isto...

É continuidade o que eu sinto em relação à minha tia... é o próprio movimento da vida.

- De um participante da Sangha Virtual.

Perguntas Frequentes

P: Eu me sinto sonolento. Isso torna a meditação difícil.

Ven. Ajahn Chan:Há muitas maneiras de superar a sonolência. Se estiver sentado no escuro, mova-se para um lugar iluminado. Abra seus olhos. Levante-se e lave o rosto ou tome um banho. Se estiver dormente, mude a postura. Ande muito. Ande para trás. O medo de esbarrar nas coisas o manterá acordado. Se isto falhar, levante-se limpe a mente e imagine-se plenamente na luz do sai. Ou sente-se nas bordas de penhasco ou poço profundo. Você não ousaria dormir! Se nada funcionar então apenas vá dormir. Deite-se cuidadosamente e tente-se manter consciente até o momento que adormecer. Então quando acordar, fique de pé. Não olhe para o relógio. Inicie a plena consciência no momento que acordar.

Se estiver sonolento todo dia, tente comer menos. Examine-se. Quando mais cinco colheradas te farão saciar a fome, pare. Então tome água até que se sinta cheio. Vá e sente-se. Observe sua sonolência e sua fome. Você tem que aprender a equilibra sua alimentação. No evoluir da sua prática você naturalmente se sentirá mais enérgico e com menos fome. Mas você tem que se ajustar.

- Ajahn Chan é um grande monge budista que viveu na Tailândia e passava a maior parte de seu tempo na floresta meditando.

Idéias Fixas

Insistimos em um caminho a percorrer, ficando fixados, executando uma mesma ação sem perceber sua ineficácia, bloqueados não pela vida, mas por estarmos atados a idéias que nos obcecam.

- Nilton Bonder (rabino)