Quarta, 5 de abril de 2010


Primeiro Treinamento



Há dois mil e quinhentos anos, o Buda ofereceu certas diretrizes a seus alunos leigos para ajudá-los a viver uma vida de paz, plenitude e felicidade. Eram os Cinco Treinamentos para a Mente Alerta, e na base de cada um desses treinamentos está a plena atenção. Com a plena atenção estamos cientes do que está acontecendo com nossos corpos, nossos sentimentos, nossas mentes e com o mundo, e evitamos ferir a nós mesmos e os outros. A plena atenção nos protege, protege a nossa família e a nossa sociedade e garante um presente seguro e feliz e um futuro também seguro e feliz.

Praticar os treinamentos para a mente alerta ajuda-nos a ser mais calmos e concentrados e traz mais discernimento e iluminação, que tornam a nossa prática dos treinamentos para a mente alerta mais sólida. No texto dessa semana (clique aqui) Thich Nhat Hanh discute sobre o Primeiro Treinamento que recentemente teve a redação revista e ampliada pela Sangha.

Reverência à Vida - Consciente do sofrimento causado pela destruição da vida, eu me comprometo a cultivar o insight do Interser e da compaixão, e a aprender maneiras de proteger a vida das pessoas, animais, plantas e minerais. Estou determinado a não matar, a não deixar que outros matem e a não apoiar nenhum ato de matança no mundo, seja na minha maneira de pensar ou no meu modo de vida. Ao ver que as ações que causam sofrimento surgem a partir da raiva, do medo, da avidez e da intolerância – que, por sua vez, baseiam-se no pensamento dualista e discriminativo - cultivarei a abertura, a não discriminação e o não apego a pontos de vista para transformar a violência, o fanatismo e o dogmatismo em mim mesmo e no mundo.

Leia (clique aqui) e busque formas de praticar esse treinamento em maio. Depois divida como você vai fazer isso em nosso blog. Basta clicar aqui.



Excursão para Plum Village



Nossa querida Lucia Brandão está planejando levar um grupo de brasileiros para passar 01 ou 02 semanas em Plum Village (monastério de Thich Nhat Hanh na França), durante o delicioso RETIRO DE VERÃO.

A idéia de organizar um grupo para ter uma vivência especial com o Thay é um sonho mas só agora, em conversas da Lúcia Brandão com integrantes de Sanghas aqui no Brasil, vislumbrou-se a possibilidade de realizá-lo.

O Thay ainda oferece retiros e aulas em algumas partes do mundo mas, essa é uma chance de ter um contato mais próximo a ele, para quem se identifica com o budismo que ele pratica. É importante na nossa vida abrir a possibilidade e o momento de conhecer ao vivo os mestres que fazem a diferença em nossas vidas e no mundo em geral. Por isso, este é o momento.

Em comunicação com a Comunidade na França, houve manifestações de muito interesse e expectativa por parte dos monges e monjas de Plum Village em receber um grupo entusiasmado de brasileiros e talvez sul-americanos. O projeto está sendo elaborado e gerenciado por Lucia Brandão, que acompanhará o grupo, e por Emilio Moufarrige, representante da operadora de turismo Latitudes. É uma oportunidade para quem não fala inglês nem francês usufruir de um retiro ao lado de Thich Nhat Hanh. Não perca a oportunidade.

Se você tiver interesse ou souber de outros interessados, entre em contato direto com a Lucia, através do email:bramo@uol.com.br.



Entrevista de Thay para Oprah Winfrey (parte 8 - Final)



Poema: Por favor me chame por meus verdadeiros nomes


Não diga que terei que partir amanhã pois,
Mesmo hoje, eu ainda estou chegando
Olhe profundamente; chego a cada segundo
Para ser um broto num galho primaveril,
Para ser um pequeno pássaro, com asas ainda frágeis
Aprendendo a cantar em meu novo ninho,
Para ser uma larva no coração de uma flor,
Para ser uma jóia que se esconde numa pedra.

Ainda chego, para poder rir e chorar,
Para poder ter medo e esperança,
O ritmo do meu coração é o nascimento e a morte
De tudo o que está vivo.

Eu sou a efeméride se metamorfoseando sobre a superfície do rio
E eu sou o pássaro que, quando a primavera chega,
Chega em tempo para comer a efeméride.

Eu sou o sapo nadando feliz na água clara de um lago,
E eu sou a cobra do mato, que, aproximando-se em silêncio,
Se alimenta do sapo.

Sou a criança de Uganda, toda pele e ossos,
Minhas pernas tão finas como caniços de bambu,
E eu sou o mercador de armas, vendendo armas mortais a Uganda

Sou a menina de doze anos
Refugiada em um pequeno barco,
Que se joga ao oceano
Depois de ter sido estuprada pelo pirata do mar.
E sou o pirata,
Com meu coração ainda não capaz
De ver e amar.

Sou um membro do Politburo,
Cheio de poderes em minhas mãos.
E sou o homem que tem que pagar
Seu "débito de sangue" para meu povo
Morrendo lentamente em um campo de trabalhos forçados.

Meu prazer é como a primavera, tão quente que faz
As flores desabrocharem em todos os confins da vida.

Minha dor é como um rio de lágrimas,
Tão cheio que enche todos os quatro oceanos.

Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
De modo que eu possa ouvir todos os meus gritos e
Risos ao mesmo tempo,
De modo que eu possa ver que meu prazer e dor são um.

Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
De modo que eu possa despertar e de modo que
Possa ficar aberta a porta do meu coração,
A porta da compaixão.

Oprah: O que esse poema quer dizer?

Thay: Significa que nossa prática da compaixão é o mais importante. Entendimento traz compaixão. Compreender o sofrimento que os seres vivos passam ajuda a liberar a energia da compaixão. E com essa energia você saberá o que fazer.

Oprah: Okay. No final desta revista, tenho uma coluna chamada "O que eu sei com certeza". O que você sabe com certeza?

Thay: Eu sei que nós não sabemos o suficiente. Temos que continuar a aprender. Temos que ser abertos. E temos que estar prontos para liberar o nosso conhecimento a fim de chegar a uma maior compreensão da realidade. Quando você subir uma escada e chegando no sexto degrau pensar que é o mais alto, então você não poderá ir para o sétimo. Então a técnica é abandonar o sexto de forma que o sétimo degrau seja possível. E esta é a nossa prática, a liberação de nossos pontos de vista. A prática do desapego aos pontos de vista é o cerne da prática de meditação budista. As pessoas sofrem porque estão presas em seus pontos de vista. Tão logo liberamos nossos pontos de vista, ficamos livres e não sofremos mais.

Oprah: A busca verdadeira não é para ser livre?

Thay: Sim. Para ser livre, antes de tudo, é ser livre de visões erradas que são a base de todos os tipos de sofrimento, medo e violência.

Oprah: Foi uma honra para mim falar com você hoje.

Thay: Obrigado. Um momento de felicidade que possa ajudar as pessoas.

Oprah: Eu acho que sim.


Compaixão x Ideologia



Um problema surge do conflito de ideologias, políticas ou religiosas, quando as pessoas lutam entre si por suas crenças, perdendo de vista a ideia de humanidade básica que nos une como uma única família humana. Devemos lembrar que essas diferentes religiões, ideologias e sistemas políticos no mundo surgiram para ajudar os seres humanos a alcançar felicidade. Não devemos perder de vista essa meta fundamental. Em nenhum momento deveríamos pôr os meios acima dos fins: devemos sempre manter a supremacia da compaixão sobre a ideologia.

- Dalai Lama (Do livro "Como saber quem você é")

Décimo Terceiro Treinamento da Ordem Interser - Generosidade



Consciente do sofrimento causado pela exploração, injustiça social, pelo roubo e pela opressão, comprometo-me a cultivar a bondade amorosa e a aprender meios de agir para o bem estar das pessoas, animais, plantas e minerais. Praticarei a generosidade compartilhando meu tempo, minha energia e meus recursos materiais com aqueles que são necessitados. Estou determinado a não roubar e a não possuir qualquer coisa que deveria pertencer a outros. Respeitarei a propriedade alheia, mas tentarei evitar que outros tirem proveito do sofrimento humano ou do sofrimento de outros seres.