Segunda, 12 de março de 2018

As Seis Perfeições (parte 3)



Nessa semana vamos concluir a leitura das seis perfeições ou paramitas (para ler o texto clique aqui). Paramita é uma palavra que pode ser traduzida como "perfeição" ou "realização perfeita".

Nesse texto vamos estudar as últimas três perfeições, a Virya pammita (esforço), Dhyana paramita (a meditação) e Prajna paramita (a sabedoria, compreensão).

Quando você está preso à tristeza, ao sofrimento, à depressão, à raiva ou ao medo, não fique na margem do rio em que existe o sofrimento. Passe para a outra margem, onde há liberdade e não existem medo nem raiva. Pratique as paramitas, e acabará passando para a margem da liberdade e do bem-estar. Não é necessário praticar por cinco, dez ou vinte anos para conseguir atravessar para a outra margem. Você pode fazer agora.

Para saber mais sobre essas três práticas leia o texto clicando aqui. Divida seu insight e suas dúvidas sobre o texto em nosso blog. Basta clicar aqui.



Uma Nuvem Branca Livre



Eu lembro
quando você era ainda uma nuvem branca
flutuando livremente
onde quer que quisesse ir.

Eu também estava seguindo meu próprio curso como um riacho,
procurando seu próprio caminho para o oceano imenso.

Você desfrutava ao ouvir o canto dos pinheiros
Nos altos picos
Eu movia acima e abaixo,
para dentro e fora
na crista branca
das infinitas ondas.

Vendo o mundo dos humanos sofrer tanto,
Suas lágrimas se transformando em rios,
você se transformou em chuva.
Gota de chuva após de gota de chuva caiu a cada noite de inverno.
Nuvens brancas cobriram todo o céu.
O sol agonizou
em tamanha escuridão.

Você me chamou de volta.
Você me chamou
Para pegar minhas mãos
E criar uma poderosa tempestade juntos.

Como poderíamos não lutar
Quando mesmo as flores da pradaria
E a grama das montanhas
Gemiam da dor da injustiça?

Você levantou seus braços angelicais
Determinado a libertar as correntes da opressão.

Guerra e escuridão circundaram tudo.
O barril escuro da arma - a mais alta violência -
Ossos jogados nas montanhas,
E sangue escorrendo para os rios.

Mesmo depois de suas mãos serem esmagadas,
meu querido, as correntes não foram removidas.

Eu chamei o trovão de volta para perto de você.
Estávamos determinados a confrontar a violência.

Você foi bravo,
Durante a escuridão da noite,
você se transformou em um leão
e liberou um poderoso rugido.
Na noite nevoada,
dez mil espíritos malignos
ouviram seu rugido
e tremeram
cheios de medo.

Mas corajosamente,
você nunca voltou um passo,
mesmo quando muitas camadas de armadilhas e perigos
estavam diante de nós.
Você olhou calmamente para a violência
como se não estivesse lá.

Qual a natureza da vida e morte?
Como pode a vida e a morte nos pressionarem?

Você chamou meu nome com um sorriso.

Nem um gemido veio de você,
mesmo sob correntes e tortura.

Agora você está livre.
As correntes não podem mais confinar seu verdadeiro corpo.
Você retorna para sua vida de nuvem branca
exatamente como antes -
uma nuvem branca.

Totalmente livre
no céu imenso.

Indo e vindo -
depende de você.
Quando quer dar uma olhada, apenas para.

Assim também é para mim,
Eu estou na crista das ondas
cantando para você
esta canção épica.

- Thich Nhat Hanh (Escrito para Thich Thien Minh um dos monges mais inteligentes que Thay conheceu. Foi sentenciado a dez anos de trabalhos forçados e durante o regime comunista detido em um campo de reeducação onde foi torturado até a morte.