Quarta, 8 de dezembro de 2010


O Faisão



Muitos de nós ao ler ou ouvir uma palestra que nos inspira acreditamos que aquilo é a verdade suprema e nos agarramos àquela visão ou noção. Ficamos presos a palavras ou idéias e esquecemos que o fundamental é colocá-las na nossa vida, na prática.

Thich Nhat Hanh no texto sugerido desta semana (clique aqui) diz que nunca deveríamos considerar qualquer ensinamento ou ideologia como a verdade absoluta, são apenas meios de ganhar insight. Ensina também que os ensinamentos do Buda não nos são oferecidos como visões ou noções para nos agarrarmos, mas como instrumentos de prática. Se ficarmos presos em visões e noções perderemos os verdadeiros ensinamentos.

Pratique, liberte-se, não fique apenas lendo livros ou assistindo palestras. Se tiver algum insight lendo o texto(clique aqui) divida-o conosco, escreva em nosso blog. Basta clicar aqui.



Retiro de inverno em Plum Village on line



Depois de sua excursão ao sul da Ásia onde na última palestra mais de 8.000 pessoas foram ouvi-lo em Hong Kong, Thich Nhat Hanh está de volta a Plum Village conduzindo o retiro de inverno. Esse ano as palestras do retiro estão sendo transmitidas ao vivo pela internet e depois ficam disponíveis até a palestra seguinte. A palestra do dia 5 de dezembro, apenas com áudio em inglês, está disponível no link http://stream.pvweb.org. A próxima palestra será no dia 9 de dezembro. Acompanhe on-line o retiro.


Teste



Se você estiver em dúvida, aplique o seguinte teste. Lembre-se da face da pessoa mais pobre e fraca que você tenha visto e se pergunte se o passo que você está contemplando será útil de alguma forma para ela.

- Gandhi


Perguntas Frequentes



Pergunta: O que posso fazer com minhas dúvidas? Alguns dias sou invadido por dúvidas sobre a prática ou meu progresso, ou o mestre.

Ven. Ajahn Chan: Duvidar é natural. Todos começam com dúvidas. Você pode aprender muito com elas. O que importa é que você não se identifique com as dúvidas. Isto é, não seja pego por elas. Isto fará sua mente girar em círculos sem fim. Ao invés disso, observe todo o processo de dúvida, de querer saber. Veja que é que duvida. Veja como a dúvida vem e vai. Então você não mais será vitimizada pelas dúvidas. Você dará um passo para fora delas e seu mente ficará quieta. Você pode ver como todas as coisas vem e vão. Apenas deixe ir o que você estiver apegado. Deixe ir suas dúvidas e apenas observe. Isto é como se acaba coma as dúvidas.

- Ajahn Chan foi um grande monge budista que viveu na Tailândia e passava a maior parte de seu tempo na floresta meditando.


Sabedoria Tupinambá



Um velho Tupinambá me perguntou:"Por que vocês, mairs (franceses) e perós (portugueses), vêm de tão longe para buscar lenha? Por acaso não existem árvores [pau-brasil] na sua terra?"

Respondi que sim, que tínhamos muitas, mas não daquela qualidade, e que não as queimávamos, como ele supunha, mas delas extraíamos para tingir.

"E precisam de tanta assim?", retrucou o velho Tupinambá.

"Sim", respondi, "pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas e tesouras, espelhos e outras mercadorias do que possa imaginar, e um só deles compra todo o pau-brasil que possamos carregar."

"Ah!", tornou a retrucar o selvagem."Você me conta maravilhas. Mas me diga: esse homem tão rico de quem você me fala, não morre?"

"Sim", disse eu, "morre como os outros."

Aqueles selvagens são grandes debatedores e gostam de ir ao fim de qualquer assunto. Por isso, o velho indígena me inquiriu outra vez:"E quando morrem os ricos, para quem fica o que deixam?"

"Para seus filhos, se os têm", respondi."Na falta destes, para os irmão e parentes mais próximos."

"Bem vejo agora que vocês, mairs, são mesmo grandes tolos. Sofrem tanto para cruzar o mar, suportando todas as privações e incômodos dos quais sempre falam quando aqui chegam, e trabalham dessa maneira apenas para amontoar riquezas para seus filhos ou aqueles que vão sucedê-los? A terra que os alimenta não será por acaso suficiente para alimentar a eles? Nós também temos filhos a quem amamos. Mas estamos certos de que, depois da nossa morte, a terra que nos nutriu nutrirá também a eles. Por isso descansamos sem maiores preocupações."

- Jean de Léry (viajante francês - 1534-1611)