Quarta, 15 de dezembro de 2010


Para o Ano Novo



Nessa última mensagem de 2010 apresentamos um texto (clique aqui) retirado de uma palestra de Dharma no Ano Novo 2006 onde o Thay propõe uma resolução de final de ano.

Thich Nhat Hanh propõe: "Eu decido que no próximo ano, começando amanhã, eu irei aprender a produzir pensamentos positivos e praticar o pensamento correto. Eu quero que meu pensamento vá na direção do entendimento e da compaixão. Mesmo que a pessoa na minha frente não esteja feliz, que esteja agindo e falando a partir de uma base de sofrimento, eu ainda sou capaz de produzir pensamentos na linha do pensamento correto."

Quando você está totalmente presente no aqui e no agora, e observa seus pensamentos, sentimentos e emoções, você reconhece que eles são pensamentos, sentimentos e emoções; eles não são a realidade. Você não é absorvido por eles. Você mantém sua liberdade, e isso é muito importante. Mesmo se um pensamento negativo surgir, você está totalmente presente no aqui e no agora. Se você se lembrar que seu pensamento é apenas um pensamento, isso permitirá que sua sabedoria, sua compaixão seja acionada para ajudar você. Isso o manterá livre.

Nesse final de ano onde as energias se renovam e buscamos uma renovação para o ano seguinte, o texto (clique aqui) apresenta uma mensagem que mostra uma possibilidade para você. Se possível divida seu insight e suas dúvidas sobre o texto em nosso blog. Basta clicar aqui.

Feliz 2011!

Porque temos que morrer um dia?



Criança: Porque temos que morrer um dia?

Thây: Imagine que só o nascimento existisse, e a morte não existisse. Um dia dificilmente haveria lugar na Terra para se ficar em pé. Morrer significa deixar lugar para os nossos filhos. E quem são os nossos filhos? Nossos filhos somos nós mesmos. Nossos filhos são nossas novas manifestações. O filho é a continuação do pai. O pai olhando para o filho tem o sentimento que ele não morrerá porque o seu filho existe para continuá-lo. Olhando desta maneira você vê que não está morrendo, você está continuando no seu filho. E o seu filho não está morrendo porque ele está continuando no neto e assim por diante. Meditação budista nos ajuda a olhar profundamente para ver que não há realmente morte, mas continuação em formas diferentes.

Veja a nuvem no céu. A nuvem pode ter medo de morrer. Mas existe um momento em que a nuvem tem de ser transformada em chuva para cair. Mas isto não é realmente morrer. Isto é mudar de forma. A nuvem se transforma em chuva e a nuvem continua na chuva. Se você olhar profundamente para a chuva você pode ver nuvem. Não há realmente morte. Você continua a existir em muitas outras formas. A nuvem pode continuar na forma de neve, na forma de chuva, na forma do rio, na forma de gelo. Um dia a nuvem pode se tornar um sorvete. Se a nuvem não morresse como poderíamos ter sorvete para tomar?


Thây não tem medo de morrer porque Thây se vê nos discípulos dele, em vocês. Vocês vieram aprender com Thây e têm muito de Thây dentro de vocês. Thây está se doando a vocês. Se você tiver recebido alguma compreensão, alguma compaixão e algum despertar de Thây, Thây continuou em você.

Mais tarde se alguém quiser procurar por Thây ela simplesmente vem até vocês e vê Thây. Thây não está somente aqui [apontando para seu próprio corpo], Thây também está ai [apontando para as crianças]. Isto é o que eu mais gosto em meditação budista. Meditação budista pode nos ajudar a transcender a morte.

Você sabe que a morte é muito importante para o nascimento, para a nossa continuação. Em nosso corpo existem muitas células que morrem a cada minuto para deixar espaço para que novas células nasçam. Nascimento e morte acontecem a cada minuto dentro do nosso corpo. É por isso que nascimento e morte estão ligados um no outro. O nascimento faz a morte surgir e a morte faz surgir o nascimento. Se chorarmos toda vez que uma célula morre não teremos lágrimas suficientes. Se toda vez que uma de nossas células morrerem nós organizarmos um funeral, passaremos o tempo todo organizando funerais. Por isso devemos compreender que nascimento e morte acontecem todo instante dentro de nós. Por isso o papel da morte é muito importante. Isto diz respeito à primeira resposta. Mas a segunda resposta é melhor. Olhando profundamente você não vê nascimento e morte, você vê que existe uma continuação. Se você estudar mais profundamente verá mais profundamente.

- retirado de http://sangarecife.blogspot.com/


Perguntas Frequentes



Pergunta: Eu ainda tenho muitos pensamentos. Minha mente vagueia muito quando mesmo quando estou tentando ficar em plena consciência.

Ven. Ajahn Chan: : Não se preocupe com isso. Tente manter sua mente no presente. O que quer que surja na mente, apenas observe. Deixe ir. Nem mesmo deseje ficar livre dos pensamentos. Então a mente alcançará seu estado natural. Sem discriminar entre bom e mau, frio ou quente, rápido ou lento. Não há eu nem você, absolutamente sem ego. Apenas o que há. Quando andar para esmolar, não é necessário fazer nada especial. Apenas ande e veja o que há. Não é necessário se apegar ao isolamento ou vida secular. O que quer que você seja, saiba que está sendo natural e observe. Se a dúvida surgir, observe-as vir e ir. É muito simples. Não segure em nada.

É como descer por uma rua. Periodicamente você atravessará obstáculos. Quando encontrá-los, apenas os veja e os supere deixando-os ir. Não pense nos obstáculos que você já passou. Não se preocupe com os que você ainda não viu. Fique no presente. Não se preocupe com o tamanho da rua ou sobre o destino. Tudo está mudando. O que quer que você passe, não se apegue. No final sua mente alcançará um equilíbrio natural onde a prática é automática. Todas as coisas virão e irão por elas mesmas.

- Ajahn Chan foi um grande monge budista que viveu na Tailândia e passava a maior parte de seu tempo na floresta meditando.


Quem tem ouvidos, ouça



Eu lembro que uma vez ofereci um retiro perto de Washington e muitas freiras católicas participaram. No último dia a Madre Superiora disse:

- Thay, tudo que tem sido compartilhado é maravilhoso. Mas há apenas uma coisa sobre a qual você não falou: Deus.

E eu perguntei para ela:

- Irmã, há algo que eu tenha dito durante este retiro inteiro que não fosse sobre Deus?

Ela riu, ela entendeu.

- Thich Nhat Hanh